Nesta última quinta-feira,
dia 06 de agosto, eu estava em casa, quando ouvi um panelaço. Imediatamente
pensei: nossa presidente deve estar fazendo um pronunciamento na TV. Liguei meu
aparelho de televisão e assisti ao programa, no qual o governo tenta justificar
o injustificável. A situação do Brasil é triste. Temos a presidente mais
impopular da história. Mais impopular inclusive que Fernando Collor, que sofreu
processo de impeachment.
O PT está liquidado, nunca
mais será como antes. A proposta do ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso
Genro de refundar o partido está fadada ao fracasso. Não existe capacidade
moral, intelectual nem política para tanto. O PT cometeu o maior estelionato
político da história do Brasil e as pessoas estão muito bravas com isso.
Durante a campanha, a então candidata Dilma Rousseff disse que, caso a oposição
ganhasse, haveria recessão, arrocho salarial, corte de gastos, aumento de
juros, desemprego e todo um pacote de maldades, simplesmente porque essa era a
maneira “deles” fazerem política. Muita gente acreditou nessa argumentação
frágil, quase infantil, e votou no PT. E não é que, logo após ser reeleita,
Dilma começa a por em prática tudo aquilo que ela disse que seu opositor faria.
É evidente que as pessoas estão se sentindo traídas.
Para agravar ainda mais a
situação, o povo brasileiro se vê também diante do maior escândalo de corrupção
da história. Durante o mensalão, falava-se em milhões desviados. Subimos de
categoria, agora estamos na casa dos bilhões. Se antes, alguns esquerdistas
alucinados entendiam que o uso de dinheiro público para comprar parlamentares
era um “mal necessário”, a única maneira possível de se fazer política, agora a
situação é diferente. O dinheiro desviado da Petrobrás não foi usado somente
para subornar políticos. Petistas de alto escalão usaram o dinheiro público
simplesmente para engordar ainda mais suas polpudas contas bancárias. Para esse
crime não há justificativa.
A esquerda, antes tão
empedernida e arrogante, agora está calada. Onde estão as Marilenas Chauí que
não defendem seu partido tão cheio de boas intenções? Mas se enganam aqueles
que imaginam que a esquerda morreu. Os esquerdistas vão se esquecer desse
episódio – assim como esqueceram (ou justificaram) as atrocidades produzidas
por Stalin, Mao, Fidel e outros tantos heróis socialistas – e voltar com força
ao embate político. É uma simples questão de tempo.
Historicamente, a esquerda
perdeu a batalha econômica, pois foi incapaz de produzir riqueza. Perdeu também
a batalha política pois se mostrou incompatível com a democracia. Mas venceu a
batalha cultural. Querem um exemplo? Qualquer pessoa razoavelmente bem
informada já ouviu falar de Karl Marx, Jean-Paul Sartre ou Michel Foucault.
Porém muitas pessoas bem informadas nunca ouviram falar de Adam Smith, Michael
Oakeshott ou Friedrich Hayek. A estratégia de Antonio Gramsci estava certa e
tem funcionado de maneira eficiente: a instauração do socialismo em democracias
consolidadas não pode se dar pela força. O socialismo deve ser introduzido de
forma lenta e pacífica através da doutrinação ideológica subliminar.
A esquerda dominou e domina
até hoje a cena cultural do Brasil. A maioria dos grandes expoentes da cultura
nacional – Sérgio Buarque de Holanda, Paulo Freire, Caio Prado Júnior, Celso
Furtado, Florestan Fernandes, entre outros – eram de esquerda ou de
centro-esquerda. O esquerdismo está enraizado em nossas escolas, pelo menos do
ensino médio à universidade. Mesmo escolas caras onde estudam os filhos de
pessoas de classe alta ensinam que o capitalismo é um sistema baseado na
exploração do homem pelo homem, ou que a direita é do mal, enquanto a esquerda
é do bem. Por isso tantos ricos brasileiros – no intuito de parecerem pessoas
do bem, conscientes dos problemas sociais – se dizem de esquerda ou
centro-esquerda.
A esquerda foi muito
eficiente em convencer as pessoas de que a direita é do mal. Ser de direita
significa defender os ricos e a ditadura militar, ser autoritário, fascista,
sexista, homofóbico e insensível aos problemas sociais. Quem quer ser de direita
dentro desse contexto? O pensamento de esquerda também está presente – embora
não seja dominante – na grande mídia. Praticamente todos jornalistas
brasileiros tiveram contato com ideias esquerdistas na universidade e muitos,
depois de formados, continuam difundindo esse pensamento em veículos de
comunicação em massa. O
esquerdismo domina também a política. Atualmente, existem três grandes partidos
no Brasil: um partido de esquerda (o PT), um partido de centro-esquerda (o
PSDB) e um partido fisiológico (o PMDB). Não existe no Brasil um partido
alinhado com o pensamento liberal.
Mudar esse quadro não é nada
fácil. O primeiro passo é entender o que significa ser de direita. Esses termos
– esquerda e direita – surgiram durante a Revolução Francesa. Grosso modo, os
que se sentavam à direita do rei representavam os interesses do clero e da
nobreza e à esquerda os representantes do povo. A partir disso, vem o conceito
de que a direita quer conservar as instituições, enquanto a esquerda quer
transformá-las. Parte daí também a ideia de que a direita representa os
interesses das classes dominantes e a esquerda os interesses das classes
dominadas.
Esses conceitos foram
mudando com o passar dos tempos. Atualmente, entende-se que a direita defende a
propriedade privada, a economia de mercado, a livre iniciativa e a liberdade
individual. A esquerda defende a igualdade entre os indivíduos, o coletivismo
e, na sua versão mais extrema, a socialização dos meios de produção. Não é
preciso ser doutor em economia para perceber que todos os países desenvolvidos
da atualidade chegaram a essa condição a partir de valores de direita. O máximo
que a esquerda fez foi distribuir essa riqueza de maneira mais igualitária
através de regimes social-democratas. Convém ressaltar, contudo, que a
social-democracia não é um modelo de geração de riqueza, mas sim de redistribuição.
Finalmente, chegamos ao óbvio ululante: se todas experiências socialistas
fracassaram e algumas capitalistas foram muito bem sucedidas, acho que só nos
resta um caminho a seguir. Porém, numa sociedade tão impregnada de esquerdismo,
essa tarefa não é muito simples. Temos de usar a estratégia de Gramsci às
avessas: difundir (não doutrinar) de forma lenta e gradual as ideias liberais e
dessa forma realizarmos a verdadeira revolução.
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